Se considerarmos a ideia de cada espécie carregar consigo certas características que lhe são próprias e a particularizam, podemos pensar naquilo que mais intimamente responde ao que é ser humano. Como saber, então, qual propriedade inerente ao ser humano o diferencia das demais espécies do planeta?
Há algum tempo atrás, em meus estudos primários, aprendi que o homem é um ser racional e que outros animais não compartilhavam de tal capacidade. Hoje, todavia, já percebo que, tanto outros animais podem apresentar algum raciocínio, como aquilo que é próprio do ser humano está anterior à sua dita racionalidade.
Sabemos que os homens conseguem construir pensamentos lógicos e interpretar os acontecimentos que os circundam. Essas construções só são possíveis, contudo, dentro de um sistema simbólico que damos o nome de linguagem. Só se pode conceber a construção de qualquer tipo de pensamento, do mais simples ao mais elaborado, a partir da utilização de alguma forma de linguagem. Dessa maneira, podemos considerar essa capacidade linguística o elemento propriamente humano.
Assim como as abelhas produzem mel, as aranhas produzem teia e os pássaros, diferentes cantos; os humanos criam seus símbolos. Ao olharmos em volta e por toda parte, o que vemos senão símbolos? Não nos relacionamos com a natureza de forma direta como fazem outras espécies, pois atribuímos sentido a tudo aquilo que está a nosso alcance. Porque significamos nossas experiências, temos a capacidade de julgar entre o certo e o errado, entre o benéfico e o prejudicial, entre o bem e o mal. Como disse a escritora Madeleine L’Engle: "É a capacidade de escolher que faz de nós seres humanos."